“O ‘não’ a gente já tem, vamos atrás do ‘sim’.” Eu sempre usei essa frase como um dos meus auto-mantras porque né, se eu não for atrás do que eu quero, ninguém irá fazê-lo por mim. Ir atrás desse 'sim', mais do que uma atitude corajosa, para mim era considerado quase um ato de sobrevivência: eu seguia agindo assim porque entendia como sendo o único caminho possível. Se não seguirmos lutando pelos nossos sonhos com toda força e garra que temos, qual o sentido de estarmos aqui?
Mas então os anos vão passando, e… coisas vão acontecendo. E nem sempre elas são como a gente espera, não importa quão grandes sejam as nossas boas intenções ou a nossa sede de mundo. A gente quebra a cara, mais vezes do que gostaria de admitir. Leva um não, e depois outro, e mais um. “O ‘não’ a gente já tem, agora vamos atrás da humilhação”, diz uma distorção sarcástica da tal frase motivacional. Da primeira vez que ouvi, apenas sorri amarelo: entendo a constatação cínica de quão doloroso é não ter nossos desejos correspondidos, mas acredito que ninguém conscientemente tenha como objetivo se humilhar. A gente faz o que faz porque conserva uma esperança persistente de que virá o tão aguardado 'sim'.